O Lobisomem representa uma figura do folclore brasileiro, que segundo a crendice, o homem se transforma em lobo, cachorro, porco, jegue, em noites de sexta feira, e nos dias da quaresma.
Em Caldeirão Grande, também, o lobisomem apareceu à várias pessoas em diversos lugares.
Sempre ouvimos contar que as lavadeiras, ao aproximarem-se do Rio da Várzea, viam o estranho bicho, e acontecia o mesmo de sempre.
Partiam em disparada, saltavam cercas, se machucavam, perdiam o sabão, desviavam- se na mata, que não encontravam o caminho de volta.
Na rua, quando as pessoas permaneciam até mais tarde da noite descascando licuri, viam o lobisomem atravessar. E foi assim, que Priquita Amâncio e vizinhas, encontravam-se à porta da sua casa, quando moravam na Praça Velha, entravam depressa apavoradas, com a visão do monstro em formato de um jegue.
Dona Zélia, Mãe da Professora Sueli, recorda-se muito bem que aos sete ou oito anos de idade, certa noite, estava com sua mãe, Maria Correia da Silva, no Largo Antônio Luís, onde sempre residiu, quando a Escola Rural, em frente a sua casa, encontrava-se ainda nos alicerces, e nas adjacências, existia só matas e algumas casas de palha. Foi quando viu o lobisomem em forma de um cachorro grande se aproximar. Aconteceu que seu Antônio Vermelho, que morava perto, ouviu os gritos, veio correndo, armado de espingarda, ao encalce do animal, que após colocar as suas patas, sobre a porta, partiu e desapareceu na escuridão, como aconteceu várias vezes na Rua no Mata Bicho.
Desta vez, comentava-se que era o Zé Bundão, que virava lobisomem.
Chiquinho de Quintino Matos nos contou que certa vez, ao chegar à roça, deparou com o lobisomem, que tinha a aparência esquisita, de um porco, mas que uivava sem parar, feito um cão. Ele, apavorado deixou aquele lugar, sem mesmo saber como, apenas lembra que não olhou para trás.
O LOBISOMEM É DESMASCARADO
O senhor João Bento, esposo da nossa conhecida mãe Martinha, homem trabalhador, que morava com sua família na praça velha, depois mudou para Rua do Zabelê, entre tantas experiências que viveu, ele contou à uma de suas filhas, Licinha, que na época das aparições constantes do lobisomem, trazendo as pessoas amedrontadas e receosas ao sair de suas casas, que segundo a história, devorava as criancinhas.
As mulheres rezavam, pedindo o desterro do bicho, então diante da situação dramática, João Bento, preparou-se, coragem é o que jamais lhe faltou, e resolveu enfrentar o lobisomem , indo esperá-lo no local onde mais aparecia, na Laje do Bró e por volta da lagoa...
Perto da meia noite, pela arruaça dos cachorros, viu-se que o animal se aproximava. João Bento não recuou, foi ao seu encontro.
Na escuridão, só dava para distinguir duas bolas de fogo num corpo preto e deformado.
O lobisomem tentou fugir, saltando uma cerca, foi quando o destemido homem notou que no lugar das patas de animal, ele viu compridas botas. Imediatamente puxou o revolver e ameaçou-o matá-lo.
O estranho deixou cair as duas lanternas, presas à máscara de grandes orelhas e o roupão preto com cabo de cachorro, prostrou-se ao chão e implorou:
- Não me mate, sou eu.
João Bento reconheceu esse homem de estatura alta e bem magro, que usava o disfarce em razão de uma aventura amorosa.
O curioso, é que o lobisomem voltou a aparecer como sempre aconteceu, pelo fato de algumas pessoas, continuarem a transformar-se nesse monstro, que em muitas ocasiões foi surpreendido nas casas de farinha a meia noite, um busca de alimento, da crueira (resíduos da mandioca).
UMA LEGIÃO DE LOBISOMENS
Josias do Fórum e seu irmão Erasmo, nos contaram que costumavam pescar na Represa e deste modo, viravam a noite na beira d’água.
Aconteceu que certa vez, já era alta madrugada, jogavam suas redes e tinham a impressão de que essas vinham carregadas, pois chegavam a sentir o peso dos peixes, porem como explicar se as mesmas se apresentavam sempre vazias. Assim, depois de muito insistirem, já muito fatigados, ouviram ruídos estranhos e a sua frente depararam com uma manada de porcos, que uivavam à medida que devoravam avidamente as presas, que segundo eles, acreditavam ser os peixes que foram retirados das suas redes ,por essa legião de lobisomens.
Sabe-se que esse fato aconteceu com outras pessoas que passaram por esse local, tornando-se um lugar assombrado e não recomendado para os pescadores, devido aos constantes aparecimentos desses monstros.
Dizem os mais antigos, que o lobisomem, sempre existiu. Ele habita no meio da família, cujas pessoas não se respeitam mutuamente, não têm solidariedade, nem o temor de Deus, nem o amor ao próximo e vivem sem o perdão.
A sua vestimenta é a maldade, não dando lugar para o anjo da guarda, então ocupa o mal, esse monstro, que sai por aí vagando, em forma de animais estranhos, para atrair outras pessoas.
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