quarta-feira, 6 de junho de 2018

HISTÓRIAS VERDADEIRAS

SÓ IMAGINAÇÃO DE DONA LUÍSA

Dona Luísa era uma velhinha muito bondosa, que residia numa casa simples, da Praça Castro Alves. Ela dizia que apesar dos vários filhos espalhados pelo mundo, Deus não a deixou sozinha.

“Tenho muitos vizinhos... Parecem bons para mim... Tenho a impressão... E essa garotada alegre que me faz sorrir, mas logo virão as férias e sentirei demais, a falta deles”. Pensava ela, porque a Escola fica situada defronte sua casa.

“E seu Moleza, então, que bondade de pessoa, é o meu melhor vizinho! O seu filho Pirinho, nem se fala! Mas, essa minha fraqueza... esse desânimo...”

As más influências, as coisas esquisitas que aparecem à sua porta, a consulta que fez a um “entendido”, lhe dá explicação para essa tristeza, de sentir as coisas, como que só andando para trás... Pensava ela. “Não vou mais à feira, nem à Igreja... Não sei se aguento ir ao banco, pegar o bendito dinheirinho da aposentadoria...”.

Toda a vizinhança a confortava e muito desejava que ela compreendesse o pensamento negativo que a dominava. Porém, os conselhos dos amigos de nada adiantavam para a velha Luísa. As coisas iam de mal a pior. A sua doença... Como se tudo, não bastasse, apareceu no seu quintal um despacho daqueles caprichados: Galinha morta, com farofa, garrafa de cachaça, velas pretas, sem falar no sapo espetado que já era freguês .

- “Cruz! Credo! Agora sim, chegou o meu fim. Mas, vai pagar bem caro, quem fez isso comigo. Eu descubro... Vai vê só, e acabo com ele...”.

E começou logo a reunir fitas daqui, velas dacolá, alfinetes também, uma galinha preta, porque tem mais poder... Precisava acabar de uma vez com o inimigo. “Tudo pronto! Agora é só colocar na encruzilhada! ”

E dirigiu-se à porta da rua. Foi quando o seu Moleza, que só aguardava o momento exato para ajudar a velha amiga, saltou à sua frente armado de coragem e de muita seriedade e bradou com voz firme:

“Fui eu Dona Luísa”!

-“ Mas, meu filho, não acredito, é uma brincadeira... Você, o meu melhor amigo?”

“Sim, eu mesmo, pode crer. Foi o único remédio que encontrei para fazê-la acreditar que a sua doença, não tem nada a ver com essas coisas que aparecem por aí. E continuou...

“O medo e a superstição. Dona Luísa, causa grande impressão tirando o que existe de mais significativo nas pessoas... O gosto de viver”.



Apesar de tudo, Dona Luísa sorria desconfiada, e agradecendo o amigo, gaguejava: “Tudo vai passar... Juro que vou esquecer essa infeliz imaginação! Pedirei muitas forças a Deus, buscarei fé na religião e com certeza, acreditarei em dias melhores!”

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