segunda-feira, 11 de junho de 2018

COMUNICAÇÃO

As comunicações entre vilas, lugarejos e fazenda eram feitas através de mensagens escritas, levadas por portadores montados em animais ou a pé. Segundo informação, em 1903, foi aberta em Saúde uma Agência dos Correios, e uma linha férrea de Senhor do Bonfim a Jacobina. A partir daí, as pessoas de Caldeirão Grande iam pegar e levar cartas a Saúde.

Em 1946, foram realizadas eleições gerais em todo Brasil. Em Saúde foi eleito o prefeito municipal, o Sr. Edgard Pereira, pelo Partido Social Democrático (PSD), derrotando o Sr. Jonas Carvalho da União Democrática Nacional (UDN). Em 1949, Edgard Pereira inaugura a primeira Agência dos Correios de Caldeirão Grande. Foram designadas duas pessoas para o serviço de Correios, que iam duas vezes por semana à cidade de Saúde levar e buscar as correspondências. Eram os chamados “pombos correios”: Chico Timóteo e Antônio Surdo. Iam e vinham montados ou mesmo a pé, faziam o serviço de entrega com eficiência, numa missão prestimosa à comunidade.

Atualmente, Caldeirão Grande conta com o serviço eficiente da Agência dos Correios situada na Praça Edgard Pereira, onde agrega também o serviço de Banco Postal.

A N T Ô N I O   S U R D O

Antônio Surdo era filho de escravos, sua mãe era uma escrava de estimação. Ela foi uma mucama da condessa Porcina, esposa do Coronel Porfírio Ferreira, com eles viveu em liberdade, servindo ao seu senhor, nos mandados e o acompanhando em todas suas viagens. Em seguida, passou a morar com os Pereiras, trabalhando e servindo-os fielmente, como vigia das suas casas comerciais e negócios.

“Assim, veio para Caldeirão Grande, onde trabalhou pela Prefeitura de Saúde, no setor da Limpeza Pública, cuidando da Laje” e servindo de Pombo Correio, indo e vindo à vizinha cidade de Saúde, buscar e entregar as correspondências.

Era um senhor muito prestativo, atencioso, de uma gentileza inigualável, tratando a todos, da forma mais especial, como aprendeu. “Meu Sinhozinho, Minha Sinhazinha” “Tá xerto meu patrão”. Sempre com seu sorriso aberto e respeitoso.

Ele faz parte da nossa história, pelos serviços prestados, pela humildade, educação e amizade que semeou.

***
QUADRO DE SACRIFÍCIO  E  CONFIANÇA

Poesia  em homenagem à memória de Antônio Surdo.
Manoel José Amâncio13 de Maio de 1977.

Eu garoto franzino, ele forte, idoso
De onde viera? Não sei, só sei
Que foi útil a Caldeirão e, seu povo.
Pele  escura, mãos grossas, pés inchados,
Andar trôpego, sandália e chapéu de couro,
Cumprimentava sorrindo  “tou acordado”.

 Na carroça enfrentou chuva e poeira,
Lembro o chilrear da vassoura de caçatinga,
Varrendo a praça nas manhãs de terça – feira,
Cultuava mãe Saúde, seus filhos Pereiras,
Funcionário da “bonita“ prefeitura,
 Tinha salário daqueles passado na peneira.

Antônio Surdo, quadro de sacrifício e confiança,
Face honesta, olhos humildes e sombrios,
Estimado para velhos, desfigurado para crianças,
Sua imagem renasce no poeta amador,
Que viu sua luta, sua bondade inapagável
Lhe reconhece como homem justo e trabalhador.

Mas se voltasse diria: “Tá xerto
Meu patrão, tem trabaio pra me dar”?
Não deixou sombras nem marcas,
Deixou amizades, recordação: Dalva
Com graça de anjo e, charme de mulata.

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