Prestamos a justa homenagem, com carinho e agradecimento a estas humildes senhoras, de grande conhecimento, carregando consigo a profissão de parteiras, dotada pela natureza, a experiência passada de geração a geração, do compromisso ao dom especial da vida, participando do nascimento de milhares de crianças, levando o alívio e bem-estar às mães. Foram parteiras: Dona Clotilde, filha de Dona Sara e neta de Dona Antônia (MãeTonha); Mãe Naninha, Mãe Calo, da Rua do Facão; Dona Joana, antiga parteira, da Rua do Pó, mãe do conhecido Lunga; Didita, Frade e Elvira, Mãe Martinha, moradora da Rua do Zabelê, Dona Guilhermina, parteira antiga Rua Mata Bicho. Dona Carmelita, parteira da conhecida Rua da Areia; Dona Popó (Tia Popó) uma das parteiras do Distrito de São Miguel; Dona Amélia, do velho Quixibada, parteira da Rua do Pó;
Dona Modéstia e sua neta Dona Merita, ambas, conhecidas parteiras de Vila Formosa.
Dona Rita, parteira da Fazenda Boqueirão.
Dona Virgília, da Fazenda Capim, e dona Joaninha, do Caldeirão do Padre (Jacobina), atendiam na Fazenda Ouricuri e regiões próximas. Dona Xixi, parteira da Fazenda Feixe dos Morros e outras.
Demais senhoras parteiras, cujos nomes, aqui não foram citados, todas, têm o reconhecimento dos seus inúmeros filhos, que as chamam carinhosamente de mãe.
Mãe Martinha
Martinha Pereira, assim se chamava pela certidão de batismo, chegara a Caldeirão Grande pelos meados do ano de 1920, essa mulher descendente de índios caboclos, vinda da região de Itiúba, para trabalhar nos arredores desse município, onde existia apenas algumas fazendas, naquela época. Casada com Sr. João Pereira da Silva, conhecido como João Bento, aqui formaram uma grande família.
Todos consideravam e tratavam-na assim – Mãe Martinha, por possuir o talento, o dom dado por Deus, carregando a qualquer lugar, a qualquer instante do dia ou da noite, deixava o seu lar e para lá partia ela de jegue, burro, carroça, bicicleta, a pé, não se incomodava de percorrer algumas léguas, para socorrer alguém que estava para dar a luz.
Mais tarde, vieram morar no então povoado e aqui construíram sua pequena e simples casa onde criaram seus filhos.
Ela era uma pessoa extremamente alegre, muito católica, devota de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e do Bom Jesus da Lapa. Na quaresma costumava reunir toda a família, vizinhança, em casa, onde armava um belo altar do santo de devoção para rezar.
Na madrugada da Quinta–Feira Santa, realizava a tradicional procissão, percorrendo em peregrinação, cerca de oito quilômetros, entre o cemitério, o cruzeiro e a Igreja Matriz, assim, amanhecendo o dia, todos os fiéis voltavam as suas casas e, logo mais, retornariam para a cerimônia e procissão de encerramento da Paixão de Cristo. Ficando a impressão desse canto nos nossos ouvidos:
“E os campos estão de luto
Na memória da paixão,
O Senhor morreu na cruz,
Pela nossa salvação”
Por muito tempo viveu trabalhando e ajudando incansavelmente essa comunidade que antigamente não tinha médicos nem transporte para o atendimento e socorro de quem precisasse.
Tendo como data do seu nascimento o dia primeiro de janeiro, de 1909, tradicionalmente festejava com grande e animada roda de samba, que se estendia pela madrugada. E aparecendo algum chamado, para socorrer ela estava pronta: largava o samba por conta do povo e seguia... Por essa razão, cada família caldeirãograndese, tem um filho, um neto, pegado por mãe Martinha, assim, são muitos os compadres, as comadres que ela deixou entre nós, permanecendo sua trajetória e bela lição de vida, aqui na terra, desencarnado no dia dois de julho de 1994, partindo então para a eternidade, deixando a saudade, a paz, o amor, em nós, em cada filho seu.
Mãe Tide
O seu nome era Clotilde Santos Ferreira, filha de Sara Alves dos Santos e de Silvino Vitório Oliveira; nasceu em 16 de junho de 1922, herdou de sua mãe o dom de parteira e atuava mais na sede dos municípios, onde pegou muitas crianças, por essa razão, era chamada carinhosamente de “Mãe Tide”.
Casada com José Ferreira Guimarães, que era marchante, viveram na Rua da Matriz, com seus oitos filhos. Também, possuidora de bela voz, cantava e tocava violão, vocação essa, que já vem dos antepassados, transmitida a seus filhos, netos, e gerações.
Na ocasião em que o Projeto Rondon, atuou pela primeira vez em Caldeirão Grande, essa senhora, muito humilde e interessada, ampliou os seus conhecimentos de parteira, recebendo valiosas instruções sobre o assunto, passando a experiência e orientações para outras parteiras.
Mãe Tide, prestou grandes serviços, trabalhando no posto de Saúde, onde fez vários partos, sendo dois deles, junto a Dr. Marcelo Santana, ex-prefeito desse município.
Ela morreu em 17 de julho de 1988, deixando a grandiosa lição de abnegação e amor para todos.
Mãe Naninha
Mãe Naninha, uma das mais antigas parteiras de lugar, para se ter uma ideia, ela foi quem pegou Tia Bebé, que tem atualmente 94 anos de idade e a conheceu. Muitas pessoas se recordam dessa senhora, que morou na Rua do Facão, que também possuía o saber de rezar e benzer contra o mal de sete dias, o mal de olhado em crianças e todos os males.
Conhecida e querida de todos, já bem velhinha, teve o seu destino trágico, morreu queimada, vítima da fatalidade, causando muita tristeza em todos.
Mãe Sulinha
Não poderia deixar de citar o seu nome, Dona Sulinha, antiga parteira de Senhor do Bonfim, cuja memória e gratidão permanecem nos corações dos seus inúmeros filhos bonfinenses. Também, eu e meus doze irmãos, passamos por suas abençoadas mãos da mesma forma nossa mãe recebeu o seu abnegado atendimento e cuidados sempre na própria residência.
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