BECO DO EUCALÍPTO
Chamado também como “Beco de Dona Caluzinha” que foi moradora da casa da esquina com a Rua da Matriz, esse beco ficou assim denominado devido a existência de um belo e altaneiro pé de eucalipto, visto de qualquer lugar da cidade, graças a sua altura. Sua sombra abrigava aos que ali passavam, ponto de conversa e de negócios. À noite passeavam moças e rapazes e encontravam-se os casais de namorados. Porém, havia um limite de horário que era respeitado por todos. Quando a luz dava o sinal de que apagaria por volta das 22 horas, as pessoas se dirigiam para suas casas, sabendo que a partir da meia-noite, naquele local, passavam as “almas penadas”. Na quaresma podia aparecer o lobisomem, a mula-sem-cabeça, a mulher de sete metros e a mulher do dentão, que era o terror das crianças.
Com a chegada do progresso, foi o fim do velho eucalipto. Arrancaram-no impiedosamente e em seu lugar fincaram um inerte poste de luz elétrica, restando em cada um de nós, a saudade... As recordações. Atualmente, esse beco é a atual Rua Juracy Magalhães. Nota: (Ver “Lembrança do Eucalipto” no livro VIDA, PERFIL E TERRA, da mesma autora).
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Ilustração do Beco do Eucalipto |
BECO DE DONA ROSA
Devido a uma passagem existente transversal à Rua da Matriz dando acesso à antiga Laje do Bró, essa travessa ficou conhecida por muito tempo como Beco de Dona Rosa, moradora do local. O seu nome era Rosa Duarte, trabalhadora rural, natural de Caldeirão Grande e possuía o dom de “benzedeira” contra todos os males. O seu esposo Jeremias Correia da Silva veio de Senhor do Bonfim e aqui se dedicou à agricultura. Eles tiveram uma prole numerosa de 21 filhos. Desses, somente três estão com vida: Valdete, Nilza (falecida) Lindaura e Elisia. Todos cresceram, viveram e trabalharam nesse local.
Atualmente, esse beco recebe a denominação de Rua Anízio Ferreira.
A “SETE PORTAS”
Seguindo em direção à laje, havia uma passagem para o local onde se encontrava a antiga desnatadeira do lugar. Existiam ali, algumas casas, altas e todas iguais, no estilo da época, denominadas “A Sete Portas” de Caldeirão Grande, seguindo o modelo das Sete Portas de Salvador e da cidade de Senhor do Bonfim. Assim ficou chamada, durante o tempo que existiu. Nessas casas funcionava o comércio do sexo, também conhecido como casas de mulheres da vida ou mulheres de vida fácil. Esse era o seu mundo, a morada delas. Funcionava junto uma bodega de bebidas e alimentos.
Apesar da fama das “Sete Portas” em toda região, pelo encanto e atração de suas mulheres, suas vidas de fáceis não havia mesmo nada, como parecia ser. Para viver naquela época em qualquer parte do país era mesmo uma “vida difícil”. Sendo para elas proibido viver em família, em sociedade, negado o direito de comparecer em público, às festas, à Igreja e até mesmo nas feiras, suas presenças eram atingidas pelos olhares de indignação e repúdio.
Com o passar do tempo, algumas dessas mulheres transferiram-se para um local que ficava atrás da antiga Rua do Facão, outras viajaram para São Paulo nos primeiros “paus de arara” que surgiram.
Hoje, a “Sete Portas” faz parte do esquecimento de muitos, ou se omitem a falar desse assunto.
RUA DO PÓ
Essa rua está situada na parte alta da cidade, onde também foram surgindo as casas de antigos moradores, nas proximidades do alto da lagoa, onde começaram a residir as famílias dos primeiros proprietários das terras.
Há cerca de meio século atrás, não se sabe com exatidão, mas por determinado tempo, homens e mulheres, partiam em grupos, de madrugada, para as matas, com a finalidade de extraírem as palhas dos ouricurizeiros, que levavam para suas casas para retirarem o pó das referidas palhas.
Dona Alzira, filha de João Bombeiro e de Olímpia Campos Guimarães, que nasceu em Alagoas, hoje com 78 anos de idade, relata que nessa rua onde a mesma residiu, concentrava-se o maior número de pessoas que raspavam o pó das palhas utilizando-se de uma faca e os resíduos iam se acumulando e enchiam sacos. Ela, que desde garota, já fazia esse serviço, fez a demonstração desse processo e recorda que o Sr. Mauro e Zé Pequeno eram os compradores do pó que vendiam para Salvador, e acredita-se que era utilizado na fabricação de algum material semelhante ao plástico, quem sabe...
Esse era um trabalho árduo, perigoso e difícil, afirma Dona Alzira, pois somente nas matas bem fechadas, encontrava-se o tipo de palha ideal para a extração do pó. As fazendas Mulungu e Panelas eram as mais procuradas devido a fartura e qualidade dos ouricurizeiros.
O pó extraído era vendido por um preço irrisório, porém juntando à venda do fruto do ouricuri, constituía num meio de sobrevivência. Conta a Sra. Guiomar Bezerra (Dona Diná), que pesou muito pó de palha do ouricurizeiro no depósito de compra do senhor Alexandre Bezerra, na Rua da Matriz. Por ser explorada na grande maioria por pessoas residentes nessa rua, a mesma passou a ser conhecido como Rua do Pó, atualmente recebe a denominação de Rua Tiradentes.
RUA DO FACÃO
A Rua do Facão revela a marca de tradição que está presente na história das pessoas que habitam as suas inúmeras casas onde viveram seus pais, avós, bisavós...
Essa rua ficou conhecida e assim chamada, devido à valentia de alguns moradores que viviam em constantes duelos por qualquer coisa. Mas tinham sempre o início motivado pelo consumo de cachaça e das conversas de “pé de balcão” que virava numa tremenda bagunça. Era o que se via diariamente na bodega de Joaquim Brasileiro, onde se encontravam os valentões vindos de toda parte da cidade. As pessoas assistiam as costumeiras discussões, que resultavam em briga feia de facão. Assim, nos dias de feira livre, já se esperava uma confusão dessas naquela rua.
Receberam a fama de valentões: Sr. Teu que tinha um corte de facão no rosto; Dili que teve os dedos de uma das mãos cortados, e seu irmão Sinfrônio, Domingos Peba, João da Tereza, Antero, Manezão, Belino, Joaquim Matias - este, que atuava como fiscal torturava os animais encontrados soltos pelas ruas ou invadindo as roças. Em meio à confusão, sempre aparecia Tiorega, tocando sua viola, desviava a atenção dos que ali permaneciam, cantando o samba de sempre:
Me bota uma pinga da boa
Pelo toque da minha viola,br> Oi, ia, seu Matias,br> Que homem sério não briga,br> Oi, ia, adeus valentia...”
Consta ainda como antigos moradores, Bazo Ferreiro que fazia foles, Júlio Ferreiro e seu filho Egídio Ferreiro, Francisco Oliveira Coelho e dona Martinha, ele era filho de Antônio Coelho e primeira esposa, Dona Ana Maria de Jesus, tinha a função de marchante, nessa rua, por
muito tempo, sendo seus filhos, Belonice, Dário, Nice, Deusdete, Nêm Cego e Francisco Filho (Lilito).
Outros acontecimentos, porém, uniam os moradores da antiga Rua do Facão. À noite, por exemplo, víamos todos sentados nas calçadas, principalmente as mulheres, um candeeiro ao lado, a pedra e o balaio se enfileiravam do início ao fim da rua, que olhando à distância, formavam uma visão interessante, acompanhada do “trac-plac” da quebra do ouricuri. Ao lado homens, moças e rapazes, também a meninada, descascando, separando os bagos e colocando-os em sacos.
Nas noites de luar, a quebra do ouricuri se dava em um determinado local, vindo as quebradeiras de outras ruas juntando-se aos tocadores de viola, sanfoneiros que promoviam batuques acompanhados de cantorias, versos e repentes.
Era de costume terminar o batalhão com um animado samba de roda e sapateado que se prolongava até a madrugada.
Hoje, a Rua do Facão recebe a justa denominação de Rua 25 de Abril em homenagem a data de emancipação política do município.
RUA DO MATA BICHO
A Rua do Mata Bicho, compreendia as atuais Rua Quirino Bezerra, Rua do Namoro e Largo João Ribeiro. A denominação “mata bicho” foi criada por seus antigos moradores. As informações obtidas são de que nessa área costumeiramente aparecia a figura estranha de um bicho, cujas pessoas fugiam apavoradas, enquanto que outras corriam armadas de paus e pedras na sua captura, gritando: Mata o bicho!... Mata o bicho!...
Assim nos conta D. Eulina e Sr. Pedrinho que viu o tal bicho, parecido com um cachorro enorme que atravessava a Rua do Facão e ia sumir no beco da Baia. A própria D. Baia, moradora do local, diz que o aparecimento desse monstro se dava em “razão das constantes brigas e intrigas” entre os moradores.
RUA DA AREIA (Antiga Rua da Palha)
Devido possuir terreno arenoso nas proximidades da Lagoa Municipal, costumou-se chamar essa rua de Rua da Areia. Antigamente, todas suas casas eram de taipa e cobertas de palhas de ouricurizeiro. Estendia-se até a Rua Antônio Zabelê e seguia pela Rua do Galo, atual Rua Barra do Índio, comenta o Sr. Eufrázio, hoje com 83 anos de idade, morando nessa rua que recebeu o atual nome de Rua Euzébio Bezerra.
Também eram de palhas, as casas do antigo Beco da Velha Rosa, atual Rua Anízio Ferreira, onde a única residência coberta de telhas, pertencia a Antônio Vermelho, homem destemido, conhecido por ter enfrentado o lobisomem várias vezes.
Foram moradoras dessa rua, Olívia e sua irmã Maria Mucunã, conhecidas aguadeiras, como várias outras mulheres, que abasteciam os tanques das residências carregando latas d’água na cabeça. Atualmente reside nesse local, Dona Zuita e família. Também são lembrados Izaias, Antônio Seis, João Berimbau (tocador de berimbau), Dona Chica e Zé Bundão (que virava lobisomem). José Ferreira de Matos, conhecido por José Três Toras, que reside na antiga Rua da Areia, na casa n.44, com sua esposa Maria Alzira de Jesus, seu pai Ângelo Ferreira de Matos, foi proprietário de terras e criador de gado nesse município. Ele veio para Caldeirão Grande com sua mãe, D. Maria e quatro irmãos, em 1945. Aqui trabalhou na lavoura, possuiu uma tropa de jegues para o transporte de materiais, que junto com outros companheiros, transportou areia e tijolos para a construção da Praça Nova, atual Praça Edgard Pereira. Relembra muito emocionado, das dificuldades causadas pelas secas. É como se estivesse vendo famílias inteiras retirando-se para o sul da Bahia, viajando a pé levando apenas alguns pertences sobre à cabeça ou no ombro. Ora o pai, ora a mãe, puxando o jegue com as crianças dentro dos caçuás.
RUA ANTONIO ZABELÊ
Outra rua também situada em uma parte alta da cidade, seu nome homenageia o Sr. Antonio Zabelê, que chegou a esta terra para desbravar suas matas. Foi antigo morador dessa rua onde viveu com sua esposa Dona Alexandrina e seus filhos. A Rua Antonio Zabelê é circundada pelos bairros Zabelê II , Novo Amanhecer, a antiga Rua da Areia e Rua Barra do Índio. Nela se encontra a Escola Pedro Dias Bezerra.
O Sr. Manoel Joaquim, aos 98 anos de idade foi um dos mais antigos moradores da Rua Antônio Zabelê. Seu pai era Joaquim Barbosa da Silva, pernambucano, sua mãe Rosa Bela de Jesus, alagoana, que se radicaram em Caldeirão Grande.
Do seu primeiro casamento nasceram 12 filhos e do segundo com Dona Aurelina, conhecida Nenzinha, já falecida, tiveram quatro filhos. Toninha, sua filha, reside atualmente em Salvador, viveu aqui sua infância e adolescência onde prestou serviços e esta comunidade como catequista e na alfabetização de crianças entre outras atividades.
Homem de personalidade forte, alegre, comunicativo e bem humorado, viu o mundo evoluir, acompanhando as mudanças. Como lavrador resistiu aos problemas desse setor, enfrentou o grande desafio das secas e longas estiagens, com saber e criatividade.
O filho de Joaquim dos Três Paus, assim conhecido por todos, cultivava na Fazenda Pedrinhas vários produtos e frutas que vendia ao lado de sua residência, nas feiras e povoados. Negociava através da SAMBRA, comprando e vendendo mamona, na época eram seus financiadores, Juca Cravo de Moraes e Juca Costa Lima, respectivos, genro e sobrinho do coronel Costa Lima.
Na sua trajetória secular, o Sr. Manoel Joaquim, participou da história do município, na comunidade, na política, na igreja, na organização de classe trabalhadora. Esse nobre cidadão nos dá grande lição de vida.
Consta que para cá vieram outras famílias de Pernambuco com Joaquim Barbosa, a exemplo de Pedro Joaquim da Silva, pai de Adelício Joaquim da Silva.
RUA DA BATATA
A Rua da Batata recebeu esse nome devido ao cultivo de batata-doce nessa área de terra pelos moradores do local e de outras pessoas. Nesse local existiam apenas algumas pequenas casas de palha.
De forma, um tanto romântica, nos diz o Sr. Bazo que isso aconteceu quando “batata tinha valor”, e cita nome de antigos moradores: Marcolino, Aníbal, Macário, Antônio Gato, Manoel Gato, Camila, Chica...
O Sr. Imídio foi um dos mais antigos moradores da Rua da Batata, onde viveu durante muito tempo, desde que se casou com D. Zefinha (falecida). Ali nasceram e se criaram seus 11 filhos, local onde trabalharam todos os familiares e plantaram muita batata até os dias atuais. Ele nos conta que ficou sem os seus pais desde muito cedo. Chamavam-se João e Antônia, eram naturais do município de Caém. Assim veio para Caldeirão Grande ainda menino e foi criado na Fazenda Piripiri, na época propriedade do Sr. Euzébio Bezerra, onde trabalhou muito vivendo até os tempos de rapaz. Atualmente, aos 90 anos de idade, vive com um dos seus filhos, na Rua Tiradentes, antiga Rua do Pó.
Essa rua foi bastante visitada, tornando-se mais conhecida através da Senhora Belanízia, curandeira da localidade, cujos trabalhos eram dirigidos pelo pescador Martin.
Hoje, esta rua, que fica afastada do centro da cidade, mantém a denominação de Rua da Batata possuindo novas residências e número considerável de moradores.
RUA DA LAGOA
A Rua da Lagoa originou-se das casas que foram surgindo em volta da lagoa, onde antigamente era coberto de matas, ouricurizeiros, algumas roças, o arrozal, bananeiras, canavial, pequenos tanques e as cacimbas dos primeiros moradores, que esperavam a água minar.
Hoje com a urbanização dessa área, apresentando pistas, jardins, quiosque, quadra de esportes, constitui o lugar apropriado para os exercícios de corridas, caminhadas, ciclismo e passeios.
Olhando-se do alto, as suas casas, tendo em sua frente a presença das “Pedras Encantadas”, formam uma belíssima visão refletida no espelho das águas da grande lagoa, junto à laje (caldeirões de pedra), que, além de ser um dos atrativos turístico da cidade, tem o significado importante porque ali se encontra a origem do nome do lugar – CALDEIRÃO GRANDE
Rua da Lagoa
RUA DA ALEGRIA
A Rua da Alegria, também conhecida como Rua da Baixa, devido a sua localização, é ligada à Rua da Lagoa pela Travessa Manoel Luís, nome do antigo morador, filho de Luís Correia da Silva e de Constantina Dias Bezerra, casado com D. Marcelina.
Essa área, ligando-se à Rua do Pó, no passado, era repleta de árvores frondosas, umbuzeiros e cajazeiras, sendo um dos locais preferidos para passeios e divertimentos.
Seus moradores são pessoas simples e alegres. As mulheres ainda costumam juntar-se para a “quebra do licuri”, assim vemos as pedras e balaios à frente das casas, do mesmo modo que também encontramos em outras ruas.
Dona Julia, moradora dessa rua, sempre bem humorada, tem o terreiro e o seu balaio cheio de cachos de urucum, e a cantarolar senta-se à calçada para retirar as sementes vermelhinhas dos frutos, o pilão ao seu lado – ela sabe preparar o melhor corante de uso culinário para os familiares e amigos. O urucuzeiro é cultivado por várias pessoas do município para produção doméstica do corante usado para tempero de pratos e comidas típicas do município.
João Francisco de Oliveira com sua esposa Ducelina de Oliveira e filhos, oriundos de Queimadas, radicaram-se em Caldeirão Grande a cerca de 35 anos e atualmente residem nessa rua.
RUA DO GALO
A Rua do Galo está localizada em uma das partes alta da cidade, ao lado da Rua Antônio Zabelê. A sua denominação foi originada por ter sido ali o local de animadas e concorridas brigas de galos. Nos finais de semana, concentravam-se nessa rua os apreciadores desse esporte, com seus valentes campeões galos de raça da localidade e arredores, com respectivos torcedores, que o diga bem, Generino e Eufrásio, grandes animadores das costumeiras brigas de galos. Atualmente, essas competições são realizadas, na Rua Antônio Zabelê, com o líder desportista José Neto, capoeirista, conhecido por “Zé do Galo”.
Nessa rua, a moradora conhecida por D. Loló, uma alegre senhora e muito habilidosa, é a referência, pela dedicação de fazer a tradicional cocada de ouricuri, apreciada por todos e comercializada para Salvador e outros lugares.
A Rua do Galo, por estar situada no caminho que dá acesso às localidades da Fazenda Barra e Fazenda Índios, recebeu o nome atual de Rua Barra do Índio
PRAÇA DA SAUDADE
A atual Praça da Saudade abrigava o antigo Cemitério de Caldeirão Grande, que no ano de 1973, em dois dias apenas, tratores destruíram esse Campo Santo, porém não destruirá jamais a marca na alma das pessoas, pois o tempo não vai apagar a memória dos seus entes queridos, que ali repousam perpetuamente.
Eram pouquíssimas as casas da antiga Rua do Cemitério. Algumas, cobertas de palhas. Nesse local recorda-se da existência de um pasto, a Escola nas proximidades, uma serraria, onde a criançada ao terminar as aulas, se escondia e constantemente corria o risco de gritar: GUARÁ! GUARÁ! E imediatamente, aparecia um velho muito barbudo e sujo, que saía em disparada apontando uma espingarda.
Entre as inúmeras lembranças e histórias da infância que seu avô, Joaquim Gama, lhe contava, Maria das Neves conta que era de costume os seus colegas atravessarem o muro quebrado do Cemitério e fazer-lhe medo e assombração. Ela ao passar em frente ao pé de jasmim, carregado de flores, via-se obrigada a subir à serraria, apavorada com as lagartas-de-fogo, e lá ficava dependurada, até que os filhos de Seu Téu onde trabalhavam, viessem socorrê-la.
Após a destruição do Cemitério, a rua passa por reforma e transformação:
Na primeira ganha o aspecto de urbanização, é colocada ao centro uma estátua em memória ao Espírito Santo e a paz dos que ali repousam, representada por uma pomba recebendo a denominação simbólica de " Praça da Saudade ".
A segunda fase é de evidente transformação. É retirada da praça aquela imagem sentimental da antiga devoção e memória, sendo trocada pela figura representativa de sentido atrativo do divertimento e do lazer, com a presença de quiosques e bares, constituindo no local, nova fonte de atividades e comércio.
RUA DA MATRIZ
A antiga Rua da Matriz, além de ser referência tradicional, apresenta belo aspecto, pelo estilo natural das suas casas, pela visão ampla e tranquila que oferece.
Já existiam algumas casas antes de dar início a construção da Igreja Matriz. A partir do ano de 1930, foi-se ampliando o número de residências dessa rua. Atualmente vemos várias delas: A casa nº 178, construída em 1936, foi residência do Sr. Manoel Inocêncio, pai de Nelson Lima, tendo uma casa comercial, lá também residiu D. Bete e família, filha de D. Cantú, oriunda da cidade de Saúde, que em nossa memória guardamos a lembrança do alto-falante – A VOZ DE CALDEIRÃO GRANDE – informando, animando e dedicando à nossa gente boas músicas e, ao final da tarde, ouvíamos a saudosa oração da Ave-Maria.
Outras casas de referência são: De Antônio Soares, onde residiu o Sr. Piroca. A casa do conhecido José Alves Bezerra (Zequinha) construída em 1938. A casa de Belo, filha de Euzébio Bezerra e Petronília (Peto).
No final da rua viveu o Sr. Otacílio, marceneiro, filho de Agostinho e D. Rosa, hoje mora seu filho Manoel, também marceneiro, tocador de sanfona e seu irmão Dezinho, lavrador e tocador de violão.
Junto à Igreja, ainda existe a casa do Sr. Piroca, onde viveram suas filhas Tia Bebé e Tia Zinha - hoje Memorial.
Nessa rua existiu a pensão de D. Cantú e a pensão de Tia Paulina, a farmácia do Sr. João Gama, a agência dos Correios que funcionou na casa de Lelinha Cerqueira. A padaria do Sr. Zuza, a venda de Zequinha Bezerra, a loja de tecidos do Sr. Joaquim Gama e sua esposa D. Caluzinha. Do outro lado residiram o Sr. Manoel Quirino Dias Bezerra, sua primeira esposa, Florência (D. Loura) e filhos; José Carlos, Nívea, Nair, Maria do Carmo (Carminha) Clêses, Flávia, Alice (Licinha) Aparecida e Antônio Carlos (Lelo). A contar do terceiro, todos formados em magistério.
Também foram antigos moradores dessa rua: Antônio Coelho e sua segunda esposa D. Jovita e seus filhos: Jovino,Valdivino, Emília, Eulélia, Eudenice e Edite, atual moradora. Na antiga casa do Sr. Macário, viveram Manoel Correia e a esposa Maria Grande. Foi referência a padaria de Didi e Judite, sendo seus filhos, Vidinalda, Virginalda, Celeste, Francisco (Chicão), Vanúsia e Vanessa.
Hoje, Chicão preservou a tradição, fazendo o especial pão da cidade. Convém mencionar que onde mora hoje o Sr. Didi, existiu uma casa comercial de produtos variados, pertencente ao conhecido Sr. Enock Elias e família. Também residiu aí, dona Maria de Arismário e filhos: Alceu, Izinho, José (falecido), Arivaldo, Adaida, Nilza e Acirene (Ciça).
Na Travessa José Correia vemos a casa de Quintino Matos e a esposa Dona Helenita (falecidos). Na casa de Joaquim Padeiro e D. Angelina, morou José Lúcio casado com Lourdes, irmã de Belo, era marceneiro e todos o conheciam como “Zé Macumba”, pois costumava tocar sua sanfona, cantando:
“Eu fiz uma promessa, ao meu Senhor do Bonfim para tirar essa macumba de cima de mim”.
Adiante encontramos a casa do ex-prefeito Manoel Enedino Gama (falecido), hoje, mora sua esposa D. Olímpia, filha de Antônio Luís Correia e de D. Alexandrina Correia.
Lembra-se ainda da primeira farmácia de Edézio Mota, da casa de José Eustáquio Resende (Zé Padre) e sua esposa D. Chica, da residência do também ex-prefeito Pedro Bezerra Filho e sua esposa Julia Nascimento Bezerra. Nessa rua, são muitas as pessoas as quais guardamos as recordações, tais como: Cândido Guirra e D. Zete, João Ribeiro e D. Adelaide, o Sr. Raimundo com sua viatura tipo Rural vermelha e branca, sua esposa Maria Diolina do Carmo (D. Rica), alegre e gentil merendeira da creche.
A Rua da Matriz abrigou por muito tempo a feira livre de Caldeirão Grande.
PRAÇA DEPUTADO EDGARD PEREIRA
Praça localizada ao centro de Caldeirão Grande. Reporta-se ao nome de ex-deputado, Edgard Pereira, filho de Saúde, que foi nomeado prefeito desse município em 1938, e em 1945, eleito pelo voto popular, deputado federal por dois mandatos, em 1950 e em 1954.
A partir de 1950, as casas comerciais e atividades de compra e venda ligadas às residências passou a concentrar-se nessa praça, ficando conhecida como Praça Nova ou Praça do Comércio, com novas construções, ou ainda Praça da Feira, pois a feira livre de segunda feira, que até então funcionava à Rua da Matriz, foi transferida para essa praça até a atualidade. Desse modo, na época, a Padaria do Sr. Zuza, de produtos alimentícios e artigos em geral, passou a funcionar onde é a atual Casa Comercial de Hélio Bezerra.
Junto a esta, havia a Farmácia do Sr. Pedro Bezerra Filho, a seguir, a Venda e Bar do Sr. Nelson Santana e Milton Santana, seguindo do Sr. Zuca Gama e Dona Paulina, Manoel Itiúba, José Pires e Dona Zefa, Ademir Ferreira e Dona Dina, Sr. Quintino e Dona Aurinha, (onde era a Pensão de Dona Maria do Peixe), Junto tinha a sapataria e venda do Sr. Quintino Sapateiro e Dona Helenita, a oficina e venda de Antonininho e Aída, e posteriormente a loja do Sr. Vitor e Dona Nega, e no final a loja de Seu José Pedro e venda de Sizenando. Do outro lado funcionava o comércio de José Alves Bezerra (Zequinha), que vendia produtos da região, alimentos em geral, uma pequena fábrica de vinagre, de aguardente e de vinho. Posteriormente, comprou a fábrica de sabão-massa, ao comerciante José Querfrente. Também havia aí, um serviço de Alto-Falante animando com músicas variadas e propagandas, onde é o atual Bar do Guirrinha. Zequinha casou-se com Marlene Correia e são seus filhos: Joricéia, Jussirlene, Jussirleide, Jussineide, Jussiney, Jiovane, Jilmar, Josafá e José (conhecido da Mula), falecido. Residiram na Fazenda Mulungu e na Rua da Matriz. Zequinha foi um fidalgo rapaz, organizador de festas, principalmente de Argolinhas, (ver foto em Diversões) viveu a grande aventura de garimpeiro por vários anos na Serra da Carnaíba em Saúde. Possui uma quantidade numerosa de objetos e coisas que coleciona, difícil é procurar alguma coisa e não encontrar na sua casa.
O atual prédio da Prefeitura Municipal pertencia ao Sr. Edésio Mota, que se radicou nesse município, com sua família e construiu essa casa de dois pavimentos, onde foi proprietário da Farmácia que funcionava também um serviço de Alto- Falante. Esse cidadão, entre outras atividades, prestou grandes serviços a exemplo, colocando seus conhecimentos farmacêuticos, em prol da comunidade. Junto, havia a casa comercial de Clovis Wanderley (Tote), de Saúde; o depósito de Raimundo de Tote, a batedeira de sisal, onde se encontra o atual Banco do Brasil, e o bar de Joãozinho da Minação, João Filisberto, atualmente, Tibede Móveis.
No local do atual Mercado Municipal e Comercial Valentino Andrade, era o depósito de compra e venda de Edgard Pereira, onde funcionou provisoriamente o Colégio Cenecista. Do outro lado, o depósito de Alexandre Bezerra, atual Casa de Materiais de Construção de Vânia Freitas, seguindo, as casas e Bar de Alexandrino Bonifácio de Araújo, conhecido Xanda; a seguir, a casa de Otacílio, atual bar de Aldair e na esquina a loja de Antônio Bonfim; seguindo, a casa comercial de Gilberto Carvalho, de Saúde, onde posteriormente, o Sr. José Alves Brasileiro, Zezito, instalou o Supermercado Pegue e Pague, que é um local de referência, onde funcionava o Serviço de Alto-Falante, que transmitia informações, notícias, propagandas e bom repertório musical para toda cidade.
Funcionou aí também o tradicional Restaurante da Vide, de comidas típicas, que atualmente encontra-se ao lado de Jacó Móveis. Na parte de cima, o antigo açougue, o depósito de Osvaldo de Bonfim, a Loja de Yolando e Moreninha de Saúde, a Pensão de Belo, a casa de Joaquim de Arnaldo e Dona Alcina, a casa de Nelson Santana e Prof.ª Alaíde; a Alfaiataria do Tiví, que nos dias atuais, é a casa de João Amâncio e Dona Bilí (falecidos) e convém lembrar que o seu filho, José Amâncio trabalhou nessa alfaiataria, porém, sempre revelou seu dote poético, nos deixando belas poesias. (Ver poesia : Quadro de Sacrifício e Confiança).
Nesse local existiu a Loja de tecidos de Joaquim Gama e de José Carlos Dias Bezerra; seguia a casa de Vado e Dona Cidália, onde é o atual Bar do Nenzo (falecido), e na esquina, a Farmácia do Sr. Edésio Mota, e depois do Sr. Aloísis e atual Farmácia de Epitácio.
Naquela época, eram inúmeros os comerciantes de outros municípios, que faziam comércio de compra e venda de produtos da região em Caldeirão Grande. A exemplo, além de alguns que foram citados, Osvaldo Pereira, Petrônio Pereira, Hélio Pereira, Izidoro Mendonça, Miguel Abrão, Zeca Vieira, Ginu, Zeca Bonfim, Jerônimo, e outros.
No ano de 2008, esta praça é reformada totalmente, adquirindo moderna e bela visão, considerada um local atrativo e tranquilo, propício ao lazer de todas as pessoas.https://memoriasmarinalva.blogspot.com/2018/06/antigas-ruas-e-pracas-de-caldeirao.html
Muito linda a história da nossa Caldeirão Grande
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