quarta-feira, 6 de junho de 2018

TIA ZINHA, SUA VIDA, UM GRANDE EXEMPLO DE FÉ

Tia Bebé, Tia Zinha, Marinalva e Brenda 
Tia Zinha, como é conhecida de todos, é exemplo de imenso amor a Deus, de dedicação às pessoas, de fé inabalável em todos os momentos de sua vida.

Para quem teve ou tem o privilégio de estar ao seu lado, logo percebe a sua grandeza espiritual, a sua alegria de viver, cujo semblante feliz e calmo, irradia a beleza da sua alma. Quando lhe perguntamos qual o segredo dessa felicidade, ela, a sorrir, nos diz: A minha fé, eis o segredo.

Muito simples, de extraordinária humildade, essa é a sua forma de viver. Ela desconhece a maldade, a vaidade ou frivolidades do mundo. No seu coração, não existe lugar para outros sentimentos, a não ser a bondade, a generosidade, o amor, a caridade, de uma vida santa, devotada ao trabalho e a oração.

Luzia Alves Bezerra (Tia Zinha), a quinta filha do Sr. Piroca e de Dona Ermelina, nasceu no dia 12 de dezembro de 1915, na casa grande, do alto da lagoa onde também moravam, naquela época, seus avós Norberto e Izabel. Nesse mesmo local, foi erguida a primeira capela de Santa Rita, onde se reuniam para rezar e assistir missas, celebradas por padres vindos de Santo Antônio de Jacobina.

Posteriormente passou a residir na Fazenda Mulungu e na Rua da Matriz, na casa atual, junto à Igreja. Aos dez anos de idade, já participava dos trabalhos domésticos com sua mãe; com ela aprendeu os bordados, como bainha aberta, ponto de cruz; fazia renda de bilro, de barafunda; aprendeu a fiar com o fuso e a costurar, pois sua mãe, foi eximia costureira de todos os tipos de roupas masculinas e femininas. Também na culinária ela nos surpreende nos doces, bolos, no requeijão e sequilhos, que é um sucesso. O que ela considera de mais importante, é a verdadeira crença a Deus, o amor e serviço ao próximo, que aprendeu do seu pai, muito religioso, um homem de fé que costumava viajar às cidades vizinhas, Saúde, Itinga, Caém, a cavalo ou mesmo à pé, para participar das comemorações religiosas, das festas de padroeiro, das santas missões, para os batizados, levando toda a família, a criançada... A fim de permanecerem juntos, o tempo necessário, alugavam uma casa nessas localidades.

Na sua vida de pura castidade, não conheceu o matrimônio, nem ao menos o namoro, sempre a cuidar cuidadosamente de cada irmão e irmã, como um filho ou filha, e dedicou-se extremamente aos seus pais. Atualmente, vive em companhia de Tia Bebé, sua irmã, com 95 anos de idade, como se fossem almas gêmeas. Todos têm o seu amor e, por esta razão, a chamamos carinhosamente de Tia Zinha.

Em 1938, aos 23 anos de idade, ela foi vítima de uma febre, que durou 30 dias. Sua salvação seria a “914”, uma injeção, o único recurso daquela época, que deu resultado. Porém muito enfraquecida, passou um ano sem andar. E aos poucos, com grande força de vontade, voltou ao normal. Em 1955, seus olhos foram acometidos de glaucoma, sendo tratada e operada, tendo a visão recuperada dos dois olhos, quando o próprio médico, Dr. Humberto de Castro Lima, considerava um milagre esse acontecimento.

Depois de certo tempo, ela perde a visão de um dos seus olhos. Submeteu-se a uma segunda cirurgia, mas foi em vão, passou a enxergar, daí em diante, apenas de um olho somente. Assim, se passaram 25 anos, e ela de repente, fica completamente cega. Devido a uma catarata, até então, desconhecida no Brasil. Os médicos, então a desenganaram, ficamos todos muito tristes, porém, a sua fé foi bem maior, indo ao encontro do médico citado, conhecedor da doença, através de estudos feitos nos Estados Unidos, que a operou novamente, obtendo sucesso. Ela tem a sua vista recuperada. Eis que mais um milagre acontece, tia Zinha volta a enxergar pela fé, protegida pela santa do seu nome, Santa Luzia, cuja devoção vem dos antepassados e, na ocasião da comemoração, dia 13 de dezembro, saíam em procissão até a casa de tia Joana, onde realizavam a novena. Por isso, todos os anos, a treze de dezembro, comemoramos juntos a ela, a Festa de Santa Luzia, que também é a celebração do seu aniversário.

Durante esses anos, cada vez mais, seu corpo e pernas enfraquecidas, porém manteve-se sempre ocupada. Dedicando-se aos pequenos serviços, assumiu o controle da casa, até cerca de 92 anos. Jamais deixou de costurar, fez muita bainha aberta, desse modo, presenteou a centenas de pessoas, e enviou toalhas para Igrejas e Hospitais, sendo seus trabalhos, com mensagens do Anjo da Guarda e de Santa Luzia, vivendo em constante oração, conversando e aconselhando a todos.

No dia 17 de Agosto, de 2008, acometida de um AVC, devido a uma queda, entrou em coma por vários dias, e passado um mês, saiu do hospital, sem esperança de vida, sem fala, sem enxergar, seus rins e intestino, não funcionavam, sentindo dores terríveis. Mais uma vez o milagre acontece. Ela vai recuperando-se lentamente, apesar de se encontrar com o seu lado direito paralisado, ela está bem, com lucidez mostrando-se preocupada, sempre com todos. Nesse período ela recebeu o Sacramento da Extrema Unção e comunga constantemente, pelo Padre Charles, Padre Tiago, Padre Roberto e outros ministros da Igreja Católica Romana.

Apenas saiu da cama na cadeira de rodas, para assistir a chegada da imagem do Senhor do Bonfim e no dia 28 de novembro de 2009; permaneceu por pouco tempo na igreja, durante a celebração da festa da padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, com a presença do Bispo Diocesano Dom Francisco Canindé Palhano.

Outro fato importante é que ela sempre apresentou problema cardíaco, segundo exames feitos anualmente e por último avaliada por Dr Roberto Micol (cardiologista) até os seus noventa anos. Hoje os médicos que a acompanham como Dr. Marcelo Alves Santana e Dr. Cândido da Nóbrega, afirmam que o seu coração funciona perfeitamente.

O melhor remédio para suas dores, para o seu alívio e conforto vem sendo sempre a oração. Reza e pede aos outros que também rezem.

Com a voz baixa e suave esconde a força de uma grande mulher, que nos dá o exemplo de vida. Agraciada de Deus, ela vive através da fé, tem a luz dos olhos, pela fé, e nos vê também com a mesma fé, aos 94 anos de idade. Para mim, ela é mais que um presente de vida, ela é o meu anjo da guarda e de luz, que está sempre a me guiar. Agradeço a Deus, por tê-la como mãe e por sua bela e nobre existência. 
 Em 13\ 12\2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário