quarta-feira, 6 de junho de 2018
“SEU” GABRIEL, “SEU” e RAIMUNDO CEGO
O DOM ESPECIAL DE “SEU” GABRIEL
Gabriel Imídio Ferreira, natural de Campo Formoso, desde os 10 anos de idade, trabalhou para sustentar-se e viu-se obrigado a ganhar o mundo, pois perdera os seus pais muito cedo.
Fez todo tipo de serviço que aparecia. De roça, nas pedreiras, servente etc. Chegando a Pindobaçu, casou-se com Dona Maria, e vieram para Caldeirão Grande, onde trabalharam vários anos na Fazenda Mulungu e a seguir se mudaram para a Rua da Baixa.
A sua família tornou-se muito grande, com o nascimento de 16 filhos. Depois passaram para a residência atual, que é uma das primeiras casas construídas defronte à lagoa, há mais de quarenta anos. Foi ele que derrubou o “pé de cajá de Tode”, devido à meninada que não dava sossego.
O fato surpreendente é que, quando sua esposa ia dar a luz, jamais necessitou chamar a parteira, porque Seu Gabriel estava ali, pronto, para a função. Esse dom especial, que recebeu da própria natureza e que não teve a oportunidade de frequentar a escola.
Desse modo, fez o parto com sucesso de 14 filhos seus e de quem dele precisasse. Ainda para cicatrizar rapidamente o umbigo dos recém-nascidos, colocava sobre o mesmo o pó da sola de couro de boi, torrado, pisado e peneirado. Duas crianças apenas nasceram no Posto de Saúde da cidade.
Atualmente, ele aos 70 anos de idade, possui a sua roça, na Fazenda Cacimbas e Dona Maria, com 75 anos, vai e vem a pé, trazendo um grande feixe de lenha sobre a cabeça.
SEU RAIMUNDO CEGO
Raimundo Cesário Correia nasceu no Crato, Ceará, e aos dez anos de idade, resolveu abandonar a sua casa e sua família, devido a severidade e a forma violenta como o seu pai o tratava.
Passou por vários lugares, trabalhava e seguia viagem. Desse modo chegou a Senhor do Bonfim-Ba, onde ainda garoto, trabalhou em carvoaria, frequentou a escola e nesta cidade conheceu a bela Cassimira, descendente de cabocla, despertando uma grande história de amor, porém os pais da jovem não aceitaram essa união, então os dois apaixonados, fugiram para iniciarem uma nova vida em outro lugar.
Chegaram a localidade de Gonçalo, na Fazenda Várzea Danta, onde compraram uma propriedade, estabeleceram-se, dedicando-se à agricultura e à criação de animais.
Esse homem corajoso, trabalhador e de muita fé, foi vitimado pelo destino, perdendo a visão, ainda bastante moço, aos 17 anos de idade, quando separava a mamona, uma casca afetou-lhe os olhos. Naquela época que não havia recurso algum, mesmo assim ele procurou “entendidos”, não obtendo resultado. Também aos 59 anos , procurou os milagres que acontecia em Itaberaba-Ba, no ano de 1960, porém foi tudo em vão. Seu Raimundo Cego, que assim ficou sendo chamado, continuou sem enxergar. Acontece que no decorrer de sua vida, desenvolveu muitas habilidades, tornando-se sempre ativo, locomovendo-se para todos os lugares, contudo impossibilitado para as atividades da lavoura, vieram para Caldeirão Grande, e aqui passaram a residir com seus filhos, na Rua Antônio Zabelê, onde colocaram uma bodega, que vendiam alimentos em geral e as raízes das 25 misturas, entre várias, a “quebra cama”, era a mais procurada. Segundo o seu bisneto, Edson, que o ajudava nessa preparação, revela o que o seu bisavô utilizava: Umburana de cheiro, pindaíba, pau de rato, alecrim do reino, rapa dos três cantos, (raiz encontrada numa encruzilhada de três cantos), cipó da nega, quitoco, caçatinga e outras que misturadas à cachaça e Jurubeba Leão do Norte, tornavam-se suas raízes especiais, apreciadas pelos bons efeitos, enviadas para a capital Salvador, para São Paulo e vários lugares.
Seu Raimundo cego, nos surpreendia pela capacidade que tinha, atendendo os seus fregueses, comprando mercadorias, ao passar o troco, conhecendo as notas antigas de papel, pelo tamanho e as moedas, através dos formatos. Ele nos mostra que, apesar da fatalidade, é possível vencer na vida com otimismo, com coragem, dedicação e perseverança, e tudo se alcança.
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