terça-feira, 12 de junho de 2018

CALDEIRÃO GRANDE-BA: POVOAMENTO, PRIMEIROS NÚCLEOS DE MORADIA E CULTURA


Sr. Piroca e sua esposa D. Ermelina com seus filhos.

No lugarejo que ia se formando, as primeiras casas que se têm conhecimento ficavam situadas na parte acima da lagoa, ao nascente, seguindo para a atual Rua Tiradentes. Ali se encontrava a casa grande do Sr. Norberto Dias Bezerra. Nesse local, havia um enorme salão, destinado ao culto religioso e orações da família, sendo esse, mais tarde, demolido e construído no lugar da primeira capela em 1902, tornando-se conhecida como a Capelinha de Santa Rita de tia Joana.

Seguindo, havia a casa do Sr. Imídio e Custódia, tendo como referência uma frondosa cajazeira, onde as crianças gostavam de brincar e de gritar: “Tode, o pé de cajá é meu!”- e ela saía correndo a ralhar com todas elas. Todas as casas ali pertenciam aos filhos do Sr. Norberto, como as de Antônio, Joaquim, Paulino. A casa do Sr. Euzébio Bezerra, por ser muito espaçosa, abrigava um armazém, loja e padaria. Ele foi um cidadão atuante, exerceu também a função de delegado de polícia do lugar, em 1922.
Ilustração da 1ª Capela do município, que permanece
 edificada até hoje, em frente à lagoa municipal

No local onde ainda hoje existe a casa do Sr. Anízio Bezerra, já falecido, viveu o Sr. Pedro Dias Bezerra (Seu Piroca) e esposa Dona Ermelina. Após o casamento, tendo sido aí o local de nascimento de quatorze dos seus dezesseis filhos, com exceção dos dois mais novos nascidos na fazenda Mulungu. Ao lado da casa possuía uma venda e a primeira loja de tecidos do lugar. Em seguida viveram na casa da Rua da matriz, onde também moraram Antônio e Antônia Soares e filhos, atual Igreja Universal do Reino de Deus.

Primeira moradia do Sr. Pedro Dias Bezerra, sua esposa Dona Ermelina e filhos. 
Onde é a atual residência de Betão Carpinteiro e de Aparecida, filhos de
 Anísio Bezerra, na Rua Tiradentes.

Muito religioso, a exemplo de seus pais, o Sr. Piroca, transmitiu a verdadeira fé cristã e os bons ensinamentos não somente a seus filhos, mas a todos do seu convívio. Desde os tempos primordiais, encarregava-se da vinda de padres, missionários, hospedando-os por muito tempo, pois sua preocupação era uma vida cristã para todos com a participação dos sacramentos da Igreja. Desse modo, o acontecimento mais importante para ele, naquela época, foi a realização da primeira Santa Missão em Caldeirão Grande, em setembro de 1943. Sendo a segunda, realizada no ano de 1950.

A catequese, a educação também foi o seu constante compromisso, trazendo professores leigos para os ensinamentos do ABC, cartilha, livros mais adiantados e o uso do paleógrafo (livro em que se aprendia a leitura de caracteres manuscritos).

Alguns professores são lembrados e, entre outros nomes, podemos citar: Professor Manoel Modesto, primeiro professor leigo da localidade vindo da cidade de Saúde, Professora Cecília, Professora Izabel, Professora Clarice, Professora Alice, Professora Stela e Professora Maricas. Também atuou como professora leiga, Diva, filha de Seu Dió, que reside em Ponto Novo-Ba.

Em 1950, suas filhas, Alaíde e Maria da Glória, formaram-se em Magistério no Colégio das Sacramentinas de Senhor do Bonfim. Era um dos seus sonhos sempre que ele vinha de Bonfim de Vila Nova com tropas de animais carregados, imaginava “um Caldeirão Grande com escolas, comércio, boas casas, escola que dê formatura... Pois cá, já estudam as meninas”. Assim as chamava carinhosamente (ver poesia - Sonhos de meu avô, em Vida, Perfil e Terra). Começaram a lecionar, transmitindo seus conhecimentos através da escrita e da leitura, como também trabalhando a arte (teatro e música), a poesia, a religião, as festas e comemorações tradicionais, contribuindo, assim, efetivamente com a cultura caldeirãograndense.

Profª. Maria da Glória, (Glorinha ou Gu) mais conhecida, quando menina gostava de recitar poesias e seus discursos eram muito apreciados. Ela tem a gratidão e o carinho de seus alunos daquela época, em Caldeirão Grande, como Glória Gama, Gaminha, Tilinho, Aurinha, Zelinho, Florionice, Gildete, e etc. Casou-se com Nelson Lima, filho de Manoel Inocêncio e Maria Dias Bezerra e radicaram-se em Itapetinga, onde ela contribuiu em grande parte com a educação, como professora e direção de escolas por muito tempo. Também o lugar onde nasceram e cresceram seus filhos: Nelson Lima Filho, Márcia, Marcos Antônio, Pedro Rômulo e Elmano. Atualmente residem em Salvador-Ba.

As irmãs, Ana Josefa, Professoras Alaíde e Maria da Glória.

Seu Piroca e família tiveram ainda a sua terceira residência, como mostra a foto, essa casa onde moraram por muito tempo também o Sr. Joaquim Cordeiro Sales (Seu Quinca) e sua esposa Dona Alzira Brasileiro Sales (Dona Ruca) com seus filhos: Dr. José Sales, Jamil, Marcos e Viviane (James).

Casa no final da Rua da Matriz, 3ª moradia de Pedro Dias Bezerra e sua família, 
ao lado da última residência, junto à Igreja Matriz de Caldeirão

Pessoas da Família Bezerra residentes em São Paulo – 1959

Bodas de ouro do casal Pedro Dias Bezerra e Sra. Ermelina, 
rodeado dos filhos, genros, noras, netos, bisnetos e
 a primeira tataraneta a sua frente em 1959.


ESCRITURA DE COMPRA E VENDA
Comprador: Pedro Dias Bezerra.

Na parte desse documento de compra e venda, observe a grafia das palavras manuscritas à pena e tinta (de tinteiro) com data do ano de 1936.







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