Manoel Ferreira Matos, filho de Antero Ferreira Matos e de Maria Correia Santos, nasceu no dia seis de outubro de 1923, conhecido de todos, por Neco, morava com sua família, no local onde hoje é a casa do Seu Costeleta, nas proximidades da antiga “Laje do Bró”. Ele nos conta que, aos sete anos de idade, adoeceu gravemente, de forma que com suas pernas, enfraquecidas, não podia mais andar por conta do reumatismo que lhe causava dores terríveis.
Arrastando-se pelo chão, ele passou a fase de criança, de jovem e idade adulta; mesmo assim, trabalhava com grande sacrifício, limpava até três tarefas de terra com a enxada e plantava feijão, milho, mamona; porém nunca frequentou a escola.
Também na época, ganhava alguns trocados, na arte do melhor colocar de fundo de lata madeira e de suporte de para pegar, desse modo, bem mais prático para carregar água.
Era o ano de 1960, no mês de setembro, a notícia corria por toda a parte, dos milagres de Itaberaba. Seu Neco, encorajado pela família, com muita fé juntou-se a um grupo de 10 pessoas... Eram, Raimundo Cego, Manoel Letrado e sua filha Dudu, (com deficiência mental), Dona Vita (com deficiência física,) Nenca, (com deficiência mental), Chico Timóteo, o velho Lalá, pai de Quinca, acompanhava ainda, a sua irmã, Rita, e Dona Adilina que, num domingo do mês de outubro, deslocaram-se de Caldeirão Grande, montados em jegues e burros, até Saúde, e na Estação Ferroviária, embarcaram de trem, com destino à Barra do Mundo Novo, de onde seguiram para Itaberaba. Finalmente lá chegaram segunda-feira, e logo se encaminharam à praça, onde ficava a Casa dos Milagres. A multidão era incalculável, cerca de oitenta carros, chegavam diariamente, de todos os lugares, de modo que, os dias foram se passando sem serem atendidos.
Somente na sexta-feira, por interferência de sua irmã, Neco conseguiu chegar ao portão de onde foi conduzido até a sala, e ali chegou, diante da imagem de Nossa Senhora das Graças, tendo à sua frente, a figura de uma mulher, aparentemente nova, magra, de cabelos pretos e compridos, que pediu para ele se aproximar. Neco veio se arrastando, a seguir, a moça impôs as mãos, sobre a sua cabeça, aspergiu lhe com água benta e pediu para ele se levantar, dizendo: “Levanta, você vai andar”. Ele sentiu-se tomado por uma grande força, a mover suas pernas e viu que o milagre aconteceu. Levantou-se e saiu dali, andando, maravilhado, a voz sufocada, mas seu coração batia fortemente, cheio de gratidão; as lágrimas banhavam-lhe o rosto. As pessoas aclamavam e batiam palmas dando vivas a poderosa Mãe, Nossa Senhora das Graças.
Hoje, passados quase 50 anos, Seu Neco reside na Rua 25 de Abril, com 86 anos de idade. Ainda muito emocionado, nos fala desse momento único de bênçãos e graças concedidas. Porém, os demais companheiros, não tiveram a mesma sorte dele, sabe-se que Seu Raimundo Cego, ainda enxergou só por algum tempo, porque a sua visão, tornou a faltar, como antes.
Após uma semana de viagem, chegaram a Saúde. Uma parte do grupo veio para Caldeirão Grande, viajando de Jipe do Sr. Edésio Mota, e ficou a esperar os outros, na casa de Dona Maria Letrado, de onde à noite, saíram todos em procissão à Igreja matriz, com as pessoas de fé, para agradecer e render louvores a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira da cidade.
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